por Raimundo Palhano
A semana que se encerra já se vai tarde. Ainda não saíram das nossas cabeças as gravações da neta, do filho e do próprio presidente do Senado Federal. Claro que diariamente todos nós brasileiros ouvimos áudios de gravações da Polícia Federal, devidamente autorizados, sobre os desmandos dos políticos e das elites econômicas do Brasil.
O que impressiona nas conversas íntimas da Família Sarney, uma das mais poderosas do país, é a total falta de limites entre o privado e o público. Aristides Lobo disse que o brasileiro assistiu bestializado a proclamação da república, justamente por não se sentir dentro do processo. Nós, brasileiros, com toda certeza, assistimos, nesta semana, estarrecidos, aquelas vozes medonhas, sem escrúpulos, misturarem promiscuamente seus papéis de agentes públicos e sociais aos seus privilégios individuais de poder, classe e renda.
A realidade que está aí tem levado muita gente no Brasil e no mundo a perscrutarem outras dimensões da existência. Soube recentemente que no dia 30 de junho passado houve a reunião do Grande Conselho Kârmico, com certeza fora de Brasília. Segundo me foi dito, o Conselho ( que se reúne apenas duas vezes por ano) é uma fraternidade espiritual do mundo esotérico. Na ocasião estão presentes os integrantes da Grande Fraternidade Branca( o branco não se refere a raça, sim à aura de luz branca que os envolvem). Ela é formada por apenas sete Mestres Ascensos, que não possuem assessores, funcionários fantasmas e muito menos tomam decisões por meio de atos secretos. O foco do Conselho é buscar assistir os seres humanos na sua luta pelo aperfeiçoamento interior e exterior. Por essa razão é que são chamados de “buscadores” e não de vereadores, deputados ou muito menos “senadores”.
Estamos em uma difícil encruzilhada. Que começa no menor dos povoados desse imenso Brasil e poderá terminar nas grandes cidades e nos palácios e parlamentos da capital federal. A questão é: ou assumimos uma atitude firme, como clamar às ruas, mudar a política, radicalizar a democracia, aperfeiçoar o controle social do Estado, ou estaremos condenados a perder o que nos resta de referência civilizatória.
A paixão e recorrência ao místico não podem ser vistas como negação da realidade social e institucional. Não se trata apenas de buscar no Antigo Egito, na Kabalah ou no Kabash a superação das nossas angústias e sofrimentos. A vida é tão rica e desafiadora que permite infinitas especulações sobre o seu verdadeiro sentido.
Entre um Parlamento desacreditado, como o brasileiro; os sussurros soberbos e arcaicos de uma Dinastia Regional em torno do emprego para um príncipe encantado, e a reunião do Grande Conselho Kârmico, não podemos perder a lucidez, permanecermos indiferentes e muito menos renunciar à nossa dignidade de mulheres e homens livres e soberanos.
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