domingo, 14 de janeiro de 2018

APRESENTAÇÃO DE UMA LENDA


(Apresentação de RUY PALHANO SILVA, empossando da Cadeira Patroneada pelo Padre Antonio Vieira, do IHGM, pelo Padrinho Raimundo Palhano, ocupante da Cadeira 39, de Francisco GaudêncioSabbas da Costa, no dia 12 de Janeiro de 2018)


Exmo. Sr. Presidente do IHGM, Professor Euges Lima,
Senhores integrantes da Mesa,
Senhoras e Senhores,
Estimadas e Estimados Confreiras e Confrades,


APRESENTAÇÃO


EVIDÊNCIAS BIOGRÁFICAS. Exalto, de imediato, a minha alegria e honra em fazer a Apresentação de RUY PALHANO SILVA, não só pelos nossos laços de consanguinidade, mas, sobretudo, pela imensa paixão que tenho por ele.

Passará a integrar o IHGM, vinculando-se a uma Agremiação quase centenária, que fará em 20 de novembro deste ano 93 anos de existência na história cultural maranhense.

Pelo muito que com ele aprendi, não aporta na Instituição  pela conveniência de fazer parte de uma das organizações longevas e proeminentes da nossa sociedade, ao lado de outras, como AML, ACM, Faculdade de Direito, Liceu Maranhense, sedes eclesiásticas, governamentais, de poderes e de instituições antigas do Maranhão, como Colégio dos Jesuitas, Convento das Mercês, Seminário Santo Antônio.

Não chega também à Confraria para reforçar o retorno da visão que sempre volta sobre a “prodigalidade maranhense”. Estará ao lado daqueles confrades e confreiras que lutam por um IHGM edificador dos méritos e da consagração pública dos seus membros, sob o império da liberdade e da autonomia do pensamento e da ação.

O seu ingresso na Instituição representa uma forte retribuição aos créditos sociais que conquistou em seu percurso biográfico, sempre avesso ao típico processo maranhense de formação de linhagens, muito marcado pelo peso da dominação política e carismática.

Ingressa na Casa de Antonio Lopes com a missão de ressignificar  o discurso homilético do seu Patrono, Antonio Vieira, comprometido com a administração da salvação, em uma terra em que até o sol e os céus mentem, segundo o célebre Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, de 1654. Nesse sentido, vejo apenas um obstáculo para RUY: sua incapacidade existencial de realizar a façanha de Vieira, de ser, simultaneamente, um membro da Companhia de Jesus e um Homem do Paço. Isto porque, ao ingressar nesta Casa, o Empossando compromete-se a superar o cartesianismo e as verdades axiomáticas, o que implica na ressignificação simbólica do legado deixado pelo genial Sacerdote.

Farei a Apresentação, que classifico como introdutória, mesclando aos alinhavos que teci, à guisa de Prefácio, à sua obra mais recente, o volume 2 da série CRÔNICAS DO COTIDIANO NA VISÃO DE UM PSIQUIATRA, em vias de edição e breve lançamento, os elementos do “Discurso sobre Ruy”, elaborado com brilhantismo por minha sobrinha Pilar Palhano Neves e pronunciado em 21 de dezembro de 2017, na sessão solene em que foi agraciado com a medalha Manoel Beckman da Assembléia Legislativa do Maranhão, somando-os aos conteúdos analíticos que considero indispensáveis para desincumbir-me da missão de apresentá-lo a este Sodalício.

Nasceu em Caxias, filho de Aracy Palhano Silva e Pedro Nunes e Silva, já habitantes da esfera celestial, no dia 30 de junho de 1950, em um dia de muito sol e plenilúnio. Logo em seguida tomou o caminho de São Luís, onde se tornou um cidadão do Maranhão, do Brasil e constituiu Família em maiúscula. RUY só existe em plural majestático: em tudo que fez e faz vem sempre na companhia de Rita Bacelar Palhano, Pilar, Bruno e Ludmila, casados com Diogo, Jamênia e Ricardo, renascidos em Davi, Jamily, Leonardo e Lara, seus mais preciosos tesouros vivos.

Inicio pela sua formação profissional, cultural e acadêmica. Tornou-se um profissional reconhecido e respeitado na comunidade, região e país por sua atuação, estudos e pesquisas sobre saúde mental, drogas e dependência química, além de integrante, fundador e dirigente de importantes instituições de reconhecimento público, como o Conselho Regional de Medicina, o Conselho Nacional Antidrogas e o Conselho Estadual, a Academia Caxiense de Letras e a Academia Maranhense de Medicina, tendo sido, desta última, um dos seus presidentes.

A trajetória profissional e social de RUY se inaugura com a psiquiatria, em seu curso de Medicina, iniciado na Universidade Federal do Maranhão e concluído no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1977, onde concretizou a residência médica, tendo concluido também, no ano final, estágio na tradicional Universidad Complutense de Madrid, na Espanha.

Em seu currículo pode-se verificar eventos como Mestrado em Ciências da Saúde – UFMA; Professor de Psiquiatria do Curso de Medicina da UFMA; Professor de Psiquiatria do Curso de Medicina do UNICEUMA e Preceptor do Internato; Especialista em Psiquiatria pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ; Especialista em Psiquiatria pela Associação Médica Brasileira e Ass. Brasileira de Psiquiatria - AMB/ABP; Especialista em Dependência Química - Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP; Membro Titular da Associação Maranhense de Psiquiatria – AMP; Conselheiro Titular do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas – COMPOD; Ex. Presidente, por dois mandatos e Membro Efetivo, da Academia Maranhense de Medicina – AMM; Diretor Presidente do Instituto Ruy Palhano; Membro Efetivo da Sociedade Maranhense de História da Medicina – SMHM; Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – SBRAMES – Ma; Membro Efetivo a Academia Caxiense de Leras – ACL; Conselheiro Titular do Conselho Regional de Medicina – CRM; 2º Vice-Presidente do Conselho Regional de Medicina – CRM; Consultor técnico, em Saúde Mental e Políticas Públicas sobre Drogas.

Possui vários títulos honoríficos e menções honrosas, como: em 1997, Cidadão de São Luís, pela Câmara Municipal de São Luís; em 1998, Moção de Congratulações e Aplausos, pela Câmara Municipal de São Luís; em 1999, Diploma de Honra ao Mérito, da Câmara Municipal de São Luís; em 1999, Medalha Celso Magalhães, do Colégio de Procuradores de Justiça do Estado do Maranhão; em 2000, Diploma de Honra ao Mérito da Associação Maranhense de Psiquiatria, AMP; em 2000, Medalha Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís; em 2003, Cidadão de Itapecuru Mirim, da Câmara Municipal de Itapecuru Mirim; em 2003, Diploma de Mérito pela Valorização da Vida, pela Secretaria Nacional Antidrogas, SENAD; em 2012, Ordem ao Mérito, da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão, AMPEM; em 2012, Ingresso na Ordem dos Timbiras, no Grau de Comendador, Comemorativa do IV      Centenário de São Luís e, em 2017, Medalha Manoel Beckman da Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão.

Reúne uma produção intelectual de grande densidade literária e científica e apreciável volume. Seus principais livros publicados são: DROGAS: SAIBA MAIS A SEU RESPEITO, em 2002; SIMPÓSIO:ATUALIDADES EM ALCOÓLISMO, em 2002; ALCOOLISMO,TABAGISMO E ABUSO DE DROGAS: IMPLICAÇÕES CLÍNICAS E PSICOSSOCIAIS, em 2002; CONSUMO DE DROGAS E OUTROS COMPORTAMENTOS RELACIONADOS, em 2010; CRÔNICAS DO COTIDIANO NA VISÃO DE UM PSIQUIATRA, volume I, em 2015.

Além das obras mencionadas, figura como autor ou organizador de mais 8 livros inéditos sobre diferentes temáticas ligadas a sua área de atuação profissional e intelectual, finalizados e diagramados, aguardando apenas captação pela Lei de Incentivo Cultural do Maranhão.

Ao longo dos anos tem se destacado como Conferencista, proferindo, nos últimos 35 anos, mais de 2000 palestras, dentro e fora do país, sobre temas da Psiquiatria, Saúde Mental, Políticas Públicas sobre Drogas, entre os mais frequentes.

Com presença constante na mídia televisiva e impressa, vem abordando temas da mais alta relevância social, dentro de seu universo profissional e cultural, realizando um importante trabalho de popularização do conhecimento.

Uma de suas mais novas incursões intelectuais vem sendo o trabalho de colunista colaborador em periódicos da capital e do interior, destacando-se em dois dos mais importantes jornais do Maranhão, sediados em São Luís, no caso o Jornal Pequeno e o O Imparcial, nos quais publica, semanalmente, crônicas e artigos analíticos largamente demandados por seus inúmeros leitores.

A produção intelectual e as novas crônicas e artigos do Confrade que chega aliam capacidade literária e conhecimento científico, combinando plasticidade e estética de modo consistente. Por mais leve que seja o tema, trata o conteúdo com todo o respeito e cuidado. Com isso deixa de ser vulgar e enfadonho. Questões médicas e psiquiátricas que atingem as pessoas e seus leitores, em suas crônicas se transformam em consultórios sentimentais, combinando magistralmente afetos e discernimentos clínicos.


IMAGEM E CARISMA. Um olhar mais preciso permite concluir que o ethos de Ruy é determinado pela inquietação dos inconformados, que percorre o sistema nervoso de sua alma e de sua produção intelectual, fundamento da riqueza da obra que construiu em favor da humanidade, presentes em seus legados profissional, intelectual e artístico.

Só transcende quem se insurge, quem transgride o estabelecido paralítico. O Instituto Ruy Palhano, antes de existir, era um terreno despido em um lugar ermo e esquecido no município de Raposa, que se transformaria em um lugar de referência no tratamento da doença mental e das drogas no Maranhão e no Norte e Nordeste.

A alma de Ruy, portanto, sempre foi inconformada e transgressora, sem nunca ter deixado de ser completamente doce.

Fiel à sua natureza inquieta, guiará seus pés sempre se instituindo e desconstruindo em favor de um ser humano mutante, que começa como médico e prossegue como professor, empreendedor, estudante de filosofia, literato, escritor e agora, mais uma vez, ansioso para atravessar os novos riachos, ou oceanos, que aparecem em sua vida.

Trata-se de um exímio surpreendedor. Essas transmutações todas que vão acontecer em sua trajetória multifacetada partiram sempre de decisões pessoais dele. A maior de todas para mim, a que mais me maravilhou, foi ter acompanhado a sua transformação em um escritor fértil, criativo e, mais importante, lido.

Com isso quero dizer que o que faz de RUY um ser triunfante e admirado, tanto na dimensão humana, profissional, intelectual e artística, não decorre apenas de sua inteligência luminosa, ou de sua criatividade reconhecida ou ainda dos seus dotes literários aplaudidos. Não são devidos apenas a tais predicados. 

Ruy é um virtuoso sobretudo porque ousou ser, sempre, e em tudo, não se conformando, tanto com as coisas estabelecidas em seu mundo interior, nem tampouco com os padrões vigentes na sociedade inclusiva. 

Vistos pelas perspectivas filosófica, antropológica e poética, em sentido amplo, os feitos vitoriosos de Ruy se devem ao fato dele ter sido um transgressor, uma alma que se empenhou para romper padrões culturais e morais do mundo em que atua, sobretudo aqueles eivados de hipocrisia, sempre buscando um universo e uma sociedade melhores para a condição humana.

A criança que sempre quis ir além do arco-íris, que desafiou o tempo para se preparar para a vida e que, muitas vezes, teve que enfrentar seus medos e angústias sozinho, venceu as pedras do caminho porque nunca desistiu de ter sonhos e de amar à vida.

Espero, por fim, ter contribuído no enfrentamento do desafio de Apresentar tão singular Criatura, uma Lenda para mim,  destacando suas maiores virtudes: a ousadia, o talento, a competência e a generosidade humana.

Que traga sorte e inspiração para esta Casa, que hoje também se regozija com o ingresso de outro Empossando fulgurante, que ocupará a Cadeira 56, patroneada por Jerônimo de Viveiros, de quem também sou Padrinho Espiritual voluntário e admirador convicto: o Doutor Diogo Guagliardo Neves, com formação acadêmica invejável e reconhecida atuação em favor da cultura maranhense, sendo, por tudo isso, representante destacado de uma nova geração de intelectuais que contribuirão para retirar o Maranhão do Extravio.


Muito obrigado!

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