(Apresentação
de RUY PALHANO SILVA, empossando da Cadeira Patroneada pelo Padre Antonio
Vieira, do IHGM, pelo Padrinho Raimundo Palhano, ocupante da Cadeira 39, de
Francisco GaudêncioSabbas da Costa, no dia 12 de Janeiro de 2018)
Exmo. Sr. Presidente do IHGM, Professor Euges Lima,
Senhores integrantes da Mesa,
Senhoras e Senhores,
Estimadas e Estimados Confreiras e Confrades,
APRESENTAÇÃO
EVIDÊNCIAS
BIOGRÁFICAS. Exalto, de imediato, a minha alegria e honra em fazer a Apresentação
de RUY PALHANO SILVA, não só pelos nossos laços de consanguinidade, mas,
sobretudo, pela imensa paixão que tenho por ele.
Passará a integrar
o IHGM, vinculando-se a uma Agremiação quase centenária, que fará em 20 de
novembro deste ano 93 anos de existência na história cultural maranhense.
Pelo muito que com
ele aprendi, não aporta na Instituição pela
conveniência de fazer parte de uma das organizações longevas e proeminentes da
nossa sociedade, ao lado de outras, como AML, ACM, Faculdade de Direito, Liceu
Maranhense, sedes eclesiásticas, governamentais, de poderes e de instituições
antigas do Maranhão, como Colégio dos Jesuitas, Convento das Mercês, Seminário
Santo Antônio.
Não chega também à Confraria
para reforçar o retorno da visão que sempre volta sobre a “prodigalidade
maranhense”. Estará ao lado daqueles confrades e confreiras que lutam por um
IHGM edificador dos méritos e da consagração pública dos seus membros, sob o
império da liberdade e da autonomia do pensamento e da ação.
O seu ingresso na Instituição
representa uma forte retribuição aos créditos sociais que conquistou em seu
percurso biográfico, sempre avesso ao típico processo maranhense de formação de
linhagens, muito marcado pelo peso da dominação política e carismática.
Ingressa na Casa de
Antonio Lopes com a missão de ressignificar o discurso homilético do seu Patrono, Antonio Vieira,
comprometido com a administração da salvação, em uma terra em que até o sol e
os céus mentem, segundo o célebre Sermão da Quinta Dominga da Quaresma, de 1654.
Nesse sentido, vejo apenas um obstáculo para RUY: sua incapacidade existencial
de realizar a façanha de Vieira, de ser, simultaneamente, um membro da
Companhia de Jesus e um Homem do Paço. Isto porque, ao ingressar nesta Casa, o Empossando
compromete-se a superar o cartesianismo e as verdades axiomáticas, o que
implica na ressignificação simbólica do legado deixado pelo genial Sacerdote.
Farei a
Apresentação, que classifico como introdutória, mesclando aos alinhavos que teci,
à guisa de Prefácio, à sua obra mais recente, o volume 2 da série CRÔNICAS DO
COTIDIANO NA VISÃO DE UM PSIQUIATRA, em vias de edição e breve lançamento, os elementos
do “Discurso sobre Ruy”, elaborado com brilhantismo por minha sobrinha Pilar
Palhano Neves e pronunciado em 21 de dezembro de 2017, na sessão solene em que
foi agraciado com a medalha Manoel Beckman da Assembléia Legislativa do
Maranhão, somando-os aos conteúdos analíticos que considero indispensáveis para
desincumbir-me da missão de apresentá-lo a este Sodalício.
Nasceu em
Caxias, filho de Aracy Palhano Silva e Pedro Nunes e Silva, já habitantes da
esfera celestial, no dia 30 de junho de 1950, em um dia de muito sol e plenilúnio.
Logo em seguida tomou o caminho de São Luís, onde se tornou um cidadão do Maranhão,
do Brasil e constituiu Família em maiúscula. RUY só existe em plural
majestático: em tudo que fez e faz vem sempre na companhia de Rita Bacelar
Palhano, Pilar, Bruno e Ludmila, casados com Diogo, Jamênia e Ricardo,
renascidos em Davi, Jamily, Leonardo e Lara, seus mais preciosos tesouros vivos.
Inicio
pela sua formação profissional, cultural e acadêmica. Tornou-se um profissional
reconhecido e respeitado na comunidade, região e país por sua atuação, estudos
e pesquisas sobre saúde mental, drogas e dependência química, além de
integrante, fundador e dirigente de importantes instituições de reconhecimento
público, como o Conselho Regional de Medicina, o Conselho Nacional Antidrogas e
o Conselho Estadual, a Academia Caxiense de Letras e a Academia Maranhense de
Medicina, tendo sido, desta última, um dos seus presidentes.
A trajetória
profissional e social de RUY se inaugura com a psiquiatria, em seu curso de Medicina,
iniciado na Universidade Federal do Maranhão e concluído no Instituto de
Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1977, onde concretizou
a residência médica, tendo concluido também, no ano final, estágio na
tradicional Universidad Complutense de Madrid, na Espanha.
Em seu
currículo pode-se verificar eventos como Mestrado em Ciências da Saúde – UFMA; Professor
de Psiquiatria do Curso de Medicina da UFMA; Professor de Psiquiatria do Curso
de Medicina do UNICEUMA e Preceptor do Internato; Especialista em Psiquiatria
pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ; Especialista em
Psiquiatria pela Associação Médica Brasileira e Ass. Brasileira de Psiquiatria
- AMB/ABP; Especialista em Dependência Química - Universidade Federal de São
Paulo – UNIFESP; Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP; Membro
Titular da Associação Maranhense de Psiquiatria – AMP; Conselheiro Titular do
Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas – COMPOD; Ex. Presidente, por dois
mandatos e Membro Efetivo, da Academia Maranhense de Medicina – AMM; Diretor
Presidente do Instituto Ruy Palhano; Membro Efetivo da Sociedade Maranhense de
História da Medicina – SMHM; Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Médicos
Escritores – SBRAMES – Ma; Membro Efetivo a Academia Caxiense de Leras – ACL; Conselheiro
Titular do Conselho Regional de Medicina – CRM; 2º Vice-Presidente do Conselho
Regional de Medicina – CRM; Consultor técnico, em Saúde Mental e Políticas
Públicas sobre Drogas.
Possui
vários títulos honoríficos e menções honrosas, como: em 1997, Cidadão de São
Luís, pela Câmara Municipal de São Luís; em 1998, Moção de Congratulações e
Aplausos, pela Câmara Municipal de São Luís; em 1999, Diploma de Honra ao
Mérito, da Câmara Municipal de São Luís; em 1999, Medalha Celso Magalhães, do
Colégio de Procuradores de Justiça do Estado do Maranhão; em 2000, Diploma de
Honra ao Mérito da Associação Maranhense de Psiquiatria, AMP; em 2000, Medalha
Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís; em 2003, Cidadão de
Itapecuru Mirim, da Câmara Municipal de Itapecuru Mirim; em 2003, Diploma de
Mérito pela Valorização da Vida, pela Secretaria Nacional Antidrogas, SENAD; em
2012, Ordem ao Mérito, da Associação do Ministério Público do Estado do
Maranhão, AMPEM; em 2012, Ingresso na Ordem dos Timbiras, no Grau de
Comendador, Comemorativa do IV Centenário
de São Luís e, em 2017, Medalha Manoel Beckman da Assembléia Legislativa do
Estado do Maranhão.
Reúne uma
produção intelectual de grande densidade literária e científica e apreciável volume.
Seus principais livros publicados são: DROGAS: SAIBA MAIS A SEU RESPEITO, em
2002; SIMPÓSIO:ATUALIDADES EM ALCOÓLISMO, em 2002; ALCOOLISMO,TABAGISMO E ABUSO
DE DROGAS: IMPLICAÇÕES CLÍNICAS E PSICOSSOCIAIS, em 2002; CONSUMO DE DROGAS E
OUTROS COMPORTAMENTOS RELACIONADOS, em 2010; CRÔNICAS
DO COTIDIANO NA VISÃO DE UM PSIQUIATRA, volume I, em 2015.
Além das
obras mencionadas, figura como autor ou organizador de mais 8 livros inéditos sobre
diferentes temáticas ligadas a sua área de atuação profissional e intelectual,
finalizados e diagramados, aguardando apenas captação pela Lei de Incentivo
Cultural do Maranhão.
Ao longo
dos anos tem se destacado como Conferencista, proferindo, nos últimos 35 anos,
mais de 2000 palestras, dentro e fora do país, sobre temas da Psiquiatria, Saúde
Mental, Políticas Públicas sobre Drogas, entre os mais frequentes.
Com
presença constante na mídia televisiva e impressa, vem abordando temas da mais
alta relevância social, dentro de seu universo profissional e cultural,
realizando um importante trabalho de popularização do conhecimento.
Uma de
suas mais novas incursões intelectuais vem sendo o trabalho de colunista
colaborador em periódicos da capital e do interior, destacando-se em dois dos mais
importantes jornais do Maranhão, sediados em São Luís, no caso o Jornal Pequeno
e o O Imparcial, nos quais publica, semanalmente, crônicas e artigos analíticos
largamente demandados por seus inúmeros leitores.
A
produção intelectual e as novas crônicas e artigos do Confrade que chega aliam
capacidade literária e conhecimento científico, combinando plasticidade e
estética de modo consistente. Por mais leve que seja o tema, trata o conteúdo
com todo o respeito e cuidado. Com isso deixa de ser vulgar e enfadonho.
Questões médicas e psiquiátricas que atingem as pessoas e seus leitores, em
suas crônicas se transformam em consultórios sentimentais, combinando magistralmente
afetos e discernimentos clínicos.
IMAGEM E
CARISMA. Um olhar mais preciso permite concluir que o ethos de Ruy é
determinado pela inquietação dos inconformados, que percorre o sistema nervoso
de sua alma e de sua produção intelectual, fundamento da riqueza da obra que
construiu em favor da humanidade, presentes em seus legados profissional,
intelectual e artístico.
Só
transcende quem se insurge, quem transgride o estabelecido paralítico. O
Instituto Ruy Palhano, antes de existir, era um terreno despido em um lugar
ermo e esquecido no município de Raposa, que se transformaria em um lugar de
referência no tratamento da doença mental e das drogas no Maranhão e no Norte e
Nordeste.
A alma de
Ruy, portanto, sempre foi inconformada e transgressora, sem nunca ter deixado
de ser completamente doce.
Fiel à
sua natureza inquieta, guiará seus pés sempre se instituindo e desconstruindo
em favor de um ser humano mutante, que começa como médico e prossegue como
professor, empreendedor, estudante de filosofia, literato, escritor e agora,
mais uma vez, ansioso para atravessar os novos riachos, ou oceanos, que
aparecem em sua vida.
Trata-se
de um exímio surpreendedor. Essas transmutações todas que vão acontecer em sua
trajetória multifacetada partiram sempre de decisões pessoais dele. A maior de
todas para mim, a que mais me maravilhou, foi ter acompanhado a sua
transformação em um escritor fértil, criativo e, mais importante, lido.
Com isso
quero dizer que o que faz de RUY um ser triunfante e admirado, tanto na dimensão
humana, profissional, intelectual e artística, não decorre apenas de sua
inteligência luminosa, ou de sua criatividade reconhecida ou ainda dos seus
dotes literários aplaudidos. Não são devidos apenas a tais predicados.
Ruy é um
virtuoso sobretudo porque ousou ser, sempre, e em tudo, não se conformando,
tanto com as coisas estabelecidas em seu mundo interior, nem tampouco com os
padrões vigentes na sociedade inclusiva.
Vistos
pelas perspectivas filosófica, antropológica e poética, em sentido amplo, os
feitos vitoriosos de Ruy se devem ao fato dele ter sido um transgressor, uma
alma que se empenhou para romper padrões culturais e morais do mundo em que
atua, sobretudo aqueles eivados de hipocrisia, sempre buscando um universo e
uma sociedade melhores para a condição humana.
A criança
que sempre quis ir além do arco-íris, que desafiou o tempo para se preparar
para a vida e que, muitas vezes, teve que enfrentar seus medos e angústias
sozinho, venceu as pedras do caminho porque nunca desistiu de ter sonhos e de
amar à vida.
Espero,
por fim, ter contribuído no enfrentamento do desafio de Apresentar tão singular
Criatura, uma Lenda para mim, destacando
suas maiores virtudes: a ousadia, o talento, a competência e a generosidade
humana.
Que traga
sorte e inspiração para esta Casa, que hoje também se regozija com o ingresso
de outro Empossando fulgurante, que ocupará a Cadeira 56, patroneada por
Jerônimo de Viveiros, de quem também sou Padrinho Espiritual voluntário e admirador
convicto: o Doutor Diogo Guagliardo Neves, com formação acadêmica invejável e reconhecida
atuação em favor da cultura maranhense, sendo, por tudo isso, representante destacado
de uma nova geração de intelectuais que contribuirão para retirar o Maranhão do
Extravio.
Muito
obrigado!
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